Conseguimos jogar fora muita coisa, aquilo que vai ficando acumulado, no fundo de um baú (literalmente) e a gente nunca mais viu, nunca mais usou, nem lembrava que existia...
Achei vários livros, livrinhos, meu 1º Missal, muita coisa que ganhei da tia Janoca!
Por conta disso o Cristiano até comentou: acho que voce deve sua fé, sua religiosidade à tia Janoca, não é não??
E eu fiquei pensando: é verdade!
Tia Janoca era uma das tias do meu pai. Convivi muito com ela, a vida toda, e ela morreu em 1995, com 85 anos.
Era freira, Missionária de Jesus Crucificado, a vida toda se doando ao próximo.
O mais engraçado é que ela nunca falou sobre religião, mas deu muitos, muitos exemplos de vida, de amor, de fé, de dedicação!
Virou, mexeu ela dava a todos nós muitos santinhos, imagens de santos, do Menino Jesus, livrinhos, tudo que se relacionava à vida cristã, a Jesus...
Todo ano no meu aniversário ela telefonava e dizia: assisti a Santa Missa em sua intenção! E eu sempre fiquei muito feliz com isso...
Sempre presente nas comemorações importantes: batizados, 1ª Comunhão, casamento, nascimento dos filhos...
Estudei no Madre Alix graças à sua ligação de amizade com algumas freiras de lá, me lembro de Mere Assumpção especialmente! Ela dizia para meus pais: esta menina tem que estudar lá! E era um colégio bastante elitista, o que não tinha nada a ver conosco, mas ela insistiu até convence-los...e lá fui eu, e estudei lá e no Des Oiseaux (que era da mesma Ordem religiosa, a continuação...) até o final do clássico. E foi um grande presente na minha vida, pela formação humanista e também pelas amizades que fiz lá e que perduram até hoje!
Ela me ensinou a cantar uma linda musica, que eu tocava no violão: ...para mim....o vento que assobia......
Durante muitos anos morou num convento em Perdizes, na Rua Bartira, e fez um trabalho missionário lindo no bairro, subindo e descendo aquelas ladeiras a todo momento, visitando as familias, levando a palavra amiga, o consolo!
Quando entrei na PUC todo mundo na Administração me conhecia, afinal eu era a sobrinha da tia Janoca, ou melhor, da Irmã Germana, seu nome oficial...ela deixava recados e coisinhas pra mim lá para que o pessoal me entregasse. De vez em quando a gente se encontrava!
Meu pai adorava a tia Janoca, mexia com ela, fazia muita graça, ela também gostava demais dele! Às vezes ela dizia: Zé Arnaldo, voce pode me arranjar um par de sapatos? os meus estão acabados de tanto andar...e ele perguntava: mas qual o número tia? e ela: qualquer um, pobre não tem dessas coisas....e ele retrucava: mas eu calço 41....e ela: que ótimo, vai ficar sobrando, mas não tem importancia...
Quando ela comemorou as Bodas de Ouro de noviciado, em 1990, fomos todos comemorar numa festa muito gostosa no convento de Itapecerica, onde estava morando!
Dei de presente uma imagem de São José, santo de sua devoção. E comentei: deixe escrito em algum lugar que quando a sra. morrer ele será meu, está bem??
Dias depois recebi o presente de volta! Como assim, tia, eu lhe perguntei ao telefone? é seu, pode ser muito confuso na hora da minha morte e de repente voce fica sem seu santo!! e assim fiquei com a imagem do Santo que tanto admiro!
Afinal, meu pai era José, meu avo materno também, meu filho caçula é José Francisco.
Casei na Igreja de São José, batizei 2 dos 3 filhos lá.
Cristiano foi batizado lá, fez a 1ª Comunhão, frequentou desde sempre as Missas, pois lá era sua Paróquia - tudo a ver com São José!
Mas tia Janoca foi ficando velhinha, teve vários problemas de saude, em determinado momento já não reconhecia as pessoas, e na última vez que ainda falou alguma coisa me chamou de Zezé, nome de sua irmã, minha avó que eu infelizmente nem conheci, pois faleceu antes mesmo que meus pais namorassem!!
Hoje tia Janoca ficou no meu pensamento! ela está bem, certamente rezando por todos nós, e espero que ainda se lembre do meu aniversário durante uma linda Missa!!
Beijos, tia, saudade!
Lindo, lindo!... inspiração divina!...
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